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Caminhoneiros estão divididos quanto a uma nova paralisação

Redação29 de janeiro de 20217min0
Uma das principais queixas da categoria é o alto valor dos combustíveis

Em meio a críticas sobre as políticas do governo federal para o transporte rodoviário, os caminhoneiros não chegaram a um consenso sobre uma possível paralisação nacional da categoria a partir de 1º de fevereiro, próxima segunda-feira.

O movimento vem sendo convocado por entidades como o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) e tem entre as reivindicações principais a queda no preço dos combustíveis, especialmente do diesel.

No entanto, outros representantes da categoria, como a Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (Conftac), não aderiram ao ato.

A Conftac decidiu, em uma reunião na última segunda-feira, não apoiar a paralisação por causa dos riscos de contágio pelo novo coronavírus e de um possível desabastecimento no país.

Em nota oficial, a entidade afirma que não reconhece o CNTCR como entidade representante dos caminhoneiros.
De acordo com o presidente da Conftac, José da Fonseca Lopes, que também é presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e foi uma das lideranças na greve de 2018, é preciso esperar as decisões que serão tomadas pelo governo federal até amanhã.

“É quando o governo vai tomar uma decisão. Tudo aquilo que o presidente prometeu quando era candidato, ele não cumpriu”, diz. Segundo ele, é possível reduzir impostos sobre o diesel: “Se não tem como resolver de um momento para o outro, pode-se começar a montar um esquema de trabalho para dar fôlego para o caminhoneiro”.

Fonseca teme, porém, que uma nova paralisação possa complicar ainda mais a situação da pandemia no país. “Se houver dois ou três dias de greve, não vai ter mais gasolina, comida, diesel para ninguém”, afirma.

Reação do governo

Na quarta-feira, a Petrobras aumentou em 4,4% o preço do combustível vendido nas distribuidoras da estatal, o que corresponde a R$ 0,09 por litro. Anteontem, pressionado pela ameaça de greve, o presidente Jair Bolsonaro acenou para uma possível redução de tributos.

“Não interfiro na Petrobras. Deixar bem claro. A Petrobras continua com a sua política de preço. Nós temos, atualmente, 33 centavos do litro do diesel para PIS/Confins. É isso que nós buscamos diminuir”, disse ele, que acrescentou que a medida teria um impacto de R$ 800 milhões no caixa da União.

O presidente da ANTB, José Roberto Stringasci, calcula que a paralisação deve ser apoiada por 70% da categoria em todo o Brasil. Segundo ele, deve haver adesão de caminhoneiros de Minas Gerais, principalmente nas regiões do Vale do Aço, do Rio Doce e Sul de Minas.

“Só tem data de início para parar. Não queremos trabalhar com preço internacional de petróleo. O caminhoneiro recebe o frete em real, mas o diesel está em dólar, o que faz com que todo o valor do trabalho vá para pagar o combustível”, diz Stringasci, que afirma que não há interesse político.

“A categoria não quer derrubar o presidente, é uma reivindicação da categoria, que ajudou a elegê-lo”, acrescenta.

Em 2018, a greve dos caminhoneiros parou o país por mais de um mês e afetou a economia brasileira como um todo. A categoria reclama que algumas promessas feitas na época, com a tabela de frete, não foram cumprida

Líder garante que atual movimento não tem cunho político

O presidente da ANTB em Minas Gerais, Ronan Araújo, salienta que a paralisação que pode acontecer na próxima segunda-feira “não tem cunho político, não tem patrocínio de político e de partido algum” e que a categoria não defende o impeachment de Jair Bolsonaro.

“O que nós queremos é a redução do PIS/Cofins, já que o governo federal prometeu zerar a alíquota, jogando a responsabilidade para os governos estaduais. Mas queremos a redução dos impostos em cima dos combustíveis”, diz.

José da Fonseca Lopes, presidente da Conftac e da Abcam, disse, por meio de nota, que por maioria “expõe que o momento não é oportuno para a realização de um movimento de paralisação, visto os danos irreparáveis que podem ser gerados para a sociedade brasileira”.

Segundo ele, “a maioria é contrária à especulação política escancarada de alguns, ávidos por obter benefícios escusos sobre a já dolorida experiência da pandemia do Covid-19, vivida por milhares de famílias enlutadas, que não podem sofrer mais um baque, como o de um desabastecimento”, disse.

Ronan Araújo, da ANTB em Minas, afirma que a entidade possui 60 mil motoristas afiliados, número que se somaria com mais 800 mil da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), que aderiu oficialmente à greve nessa última terça-feira.

“Tem aqueles que não se manifestam nas redes sociais pois têm medo, mas no dia da paralisação, comparecem”, diz. De acordo com Araújo, a data foi marcada para pressionar os congressistas, que retornam do recesso parlamentar em 1º de fevereiro, e o Supremo Tribunal Federal (STF), que pode julgar a legalidade do frete mínimo da categoria no dia 5.

Fonte: O Tempo

Redação


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