Estudo sugere que desempenho da CoronaVac cai contra variante brasileira
Um experimento de laboratório, feito na China, sugere que a CoronaVac tem desempenho menor contra a P1, variante brasileira do coronavírus. A vacina também tem queda contra as cepas sul-africana e nova-iorquina. Os resultados foram publicados na revista Lancet, nessa quinta-feira (27/5).
Já contra as variantes detectadas no Reino Unido, na Califórnia, e a D614G (mutação que surgiu nos primeiros meses da pandemia), o imunizante mostrou desempenho semelhante ao observado contra a versão original do Sars-CoV-2. A cepa indiana não foi incluída no estudo.
Para avaliar a potencial resistência de novas variantes à neutralização induzida pela vacina, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, pesquisadores analisaram o soro do sangue de 93 profissionais de saúde saudáveis, do Hospital Nanjing Drum Tower, em Nanjing, na China, antes e depois de receberem as duas doses do imunizante.
Os cientistas testaram a resposta imune das amostras contra um vírus artificial, fabricado em laboratório, com a adição da proteína “spike” — responsável por forçar a entrada do vírus nas células humanas — de diferentes variantes do coronavírus.
Resultados da análise do sangue
O soro do sangue de todas as amostras, antes da vacinação, não apresentavam níveis de neutralização contra as sete variantes do Sars-CoV-2 testadas, como esperado.
Após a vacinação, no entanto, 82% das amostras conseguiram neutralizar o vírus da cepa original do coronavírus, encontrada em Wuhan. Além dela, as amostras foram igualmente capazes de neutralizar as variantes D614G, do Reino Unido e a da Califórnia.
Porém, as variantes que têm uma mutação no gene E484k apresentaram menor capacidade de serem neutralizadas pelos anticorpos estimulados pela CoronaVac. Entre elas, estão a P1, que surgiu em Manaus, a B.1.526, de Nova York, e a B.1.351, da África do Sul. Contra essas variantes, a atividade neutralizante dos anticorpos caiu a cerca de um quarto daquela observada contra a cepa original do coronavírus.
Como o estudo é um experimento de laboratório em condições artificiais, ele não reflete necessariamente as condições reais de uso do imunizante. Por esta razão, os pesquisadores recomendam trabalhos de vigilância epidemiológica.
“Nossos resultados ressaltam a necessidade de vigilância viral aprimorada e avaliação da eficácia da vacina atualmente autorizada contra variantes emergentes, especialmente na presença de E484K.”
Em abril, em uma análise feita em Manaus, onde a variante brasileira era predominante, a CoronaVac mostrou 50% de eficácia para prevenir casos de COVID, 14 dias após a primeira dose. A pesquisa contou com participação de mais de 67 mil profissionais de saúde.
Fonte: Estado de Minas