Na ONU, Brasil pede cessar-fogo “antes que seja tarde demais”
O embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Costa Filho, pediu que os ataques da Rússia à Ucrânia sejam interrompidos “imediatamente”. Ele fez um discurso na Assembleia-Geral da ONU, feita em caráter extraordinário nesta segunda-feira (28).
Na fala, o brasileiro reforçou a posição adotada pelo país na reunião do Conselho de Segurança ocorrida na última sexta-feira (25), quando o Brasil votou pela condenação da Rússia no conflito.
“É de interesse coletivo fazer tudo ao nosso alcance para parar e reverter as ações antes de ser tarde demais. O Brasil reforça seus pedidos de um cessar-fogo imediato, bem como um respeito ao direito humanitário internacional”, disse.
Costa Filho defendeu que a paz seja alcançada por meio de uma solução diplomática, com a atuação da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança.
“Há uma intensificação rápida da tensão que coloca toda a humanidade em risco. Mas ainda há tempo de pará-la”, enfatizou.
O embaixador brasileiro também condenou as sanções econômicas impostas nos últimos dias.
“O nosso pedido a todos os envolvidos é que reavaliem suas decisões, como ataques cibernéticos e sanções que podem afetar a economia global, incluindo abastecimento alimentar”.
Na mesma fala, Ronaldo Costa filho voltou a criticar a invasão russa ao território ucraniano.
“O ‘Acordo de Minsk’ sendo cada vez menos valorizado preparou a possibilidade para o que estamos vivenciando. Essa situação não justifica, de forma alguma, o uso de força contra a soberania e integridade territorial de qualquer estado-membro. Vai contra as normas e princípios mais básicos e é uma violação clara da Carta da ONU”.
A previsão é que a sessão dure todo o dia e o resultado seja divulgado apenas na terça-feira (1º), após o voto dos 193 países-membros. Para que o documento seja aprovado, dois terços dos integrantes precisam votar a favor.
Caso seja aprovada, a condenação não será vinculativa, mas terá peso político para a Rússia, isolando o país de forma global. Segundo a ONU, a decisão passa uma forte mensagem sobre a posição da comunidade internacional em relação à guerra.
Esta é a primeira vez desde 1982 que o Conselho de Segurança da ONU solicita sessão de emergência da Assembleia Geral, e a 11º convocação extraordinária em toda a história. O pedido foi apresentado pelos Estados Unidos e pela Albânia e aprovado no domingo (27) com o apoio de 11 países, entre eles o Brasil. Houve abstenção da China, Índia e Emirados Árabes, e voto contrário da Rússia, que não pôde usar poder de veto.
O presidente Jair Bolsonaro declarou que o Brasil irá manter a neutralidade, sem emitir condenação à Rússia, como foi cobrado por líderes diplomáticos. “Nós não podemos interferir. Nós queremos a paz, mas não podemos trazer consequências para cá”, acrescentando ser “exagero falar em massacre” dos russos contra ucranianos.
Fonte: O Tempo