Psicotrópicos – por Antero Costa Filho
Propósito: Orientação aos usuários leigos
ADVERSIDADES da vida são democráticas. Todos as teremos ao vivenciar nossas vidas compartilhadas. São eventos adversos como perdas, fatalidades, catástrofes, tragédias, azar, revés, transtornos, doenças, mortes, dissabores, contrariedades, etc… São tropeços normais, naturais, inevitáveis de quem vivencia a vida. Somos seres interdependentes, diversos uns dos outros nossos semelhantes, e assim, deveríamos nos respeitar! Mas, não é bem isso que nos acontece…
Vendo e enxergando o lado positivo das ‘coisas’, ADVERSIDADES são oportunidades de crescimento psicológico, se permitirmos. Crescemos e definimos nosso caráter ao enfrenta-las com naturalidade; com autoajuda e/ou ajuda de profissionais. Autoconhecimento, com autoestima e congruência nos discursos e ações, podem nos mostrar “luz no final do túnel.”
Metáfora: A lagosta vive dentro de uma casca. Assim, quando se sente desconfortável, isola-se para se defender dos predadores e se desfaz da casca. Reconstrói uma nova casca e assim cresce naturalmente. O processo é repetido sempre que necessário ao sentir o desconforto desta adversidade: “conteúdo maior que o continente”!
Se a lagosta procurasse um médico, receberia um PSICOTRÓPICO, e assim, deixaria de crescer naturalmente, por conta própria. “Medicalização” também é prescrever psicotrópicos às adversidades naturais da vida, que transformamos em problemas médicos!
Para o sapato apertado use “remédio” (tudo que nos faz bem) trocando por um número maior; não existe “medicamento” capaz de nos aliviar desta dor /sofrimento!
Tristeza é um SINTOMA natural que vai passar; depressão é uma SÍNDROME onde existe uma tristeza sem fim, sem causa aparente, persistente, destrutiva e resistente, além de outras manifestações clínicas. Cuidado ao prescrever antidepressivo, pois se conhecemos as causas da depressão, devemos utilizar remédios (tudo que nos faz bem).
Psicoterapias podem e devem nos curar modelando nosso comportamento humano. Psicotrópicos não curam, apenas amenizam os sintomas enquanto atuam quimicamente nas redes neuronais do cérebro. É uma ação puramente química, ao atuarem nas sinapses através dos neurotransmissores.
Nada contra a utilização dos PSICOTRÓPICOS com indicação clínica (diagnóstico correto) e medicamento oportuno e adequado, sob os princípios da farmacologia e supervisão de um profissional.
Caso contrário, são medicamentos que podem alterar o comportamento do ser humano, seu humor, sua atenção, os mecanismos cognitivos, podendo provocar alucinações, ilusões e euforia, quando mau utilizados.
PSICOTRÓPICOS são medicamentos seguros, indispensáveis na prática médica, desde que utilizados segundo as normas da farmacologia e a orientação oportuna e adequada do profissional que prescreve.
São drogas imprescindíveis, úteis, eficientes e eficazes ao modular nossa mente.
Foram e são responsáveis pelo progresso no tratamento das doenças psiquiátricas em particular e da medicina geral como um todo. São ‘drogas lícitas, promissoras’ e imprescindíveis na medicina arte /ciência /evidências do III milênio.
MEDICALIZAÇÃO é tratar com medicamentos, adversidades da vida, ao transforma-las em assunto médico. Medicamentos psicotrópicos têm indicações precisas, dosagens individuais, início/meio/fim. Se necessário poderá até ter uso contínuo.
Urge “DESMEDICALIZAR” a população, pois o hábito negativo de se autodiagnosticar, automedicar e o desrespeito entre os seres (des)humanos é muito comum em nosso meio. Confio na ciência e nos cientistas, mas, desconfio das indústrias farmacêuticas e seus intermediários.
A prescrição de um psicotrópico (estimulante ou depressor ou perturbador da mente) tem suas indicações, efeitos colaterais, contraindicações, interações medicamentosas, tolerância, dependência (vícios) e riscos funcionais e/ou vitais.
O prejuízo pode ser pessoal / familiar / profissional / social, interferindo no nosso direito de ser feliz naturalmente no aqui-agora, do bem-estar físico/mental, do nosso vivenciar com alegria, de ser livre/leve/solto e ter foco/força/fé nas nossas metas de vida.
O uso inoportuno e inadequado de psicotrópicos costuma trazer riscos funcionais afetando nosso comportamento humano e possíveis sequelas anatômicas graves. As encefalopatias degenerativas podem ser consequência do uso inadequado e prolongado dos psicotrópicos. Popularmente podemos dizer que os psicotrópicos podem nos deixar ‘ligados’ (estimulantes), ‘lentos’ (depressores) ou ‘fora da casinha’ (perturbadores), ao afetarem nossa mente (psique).
Sob efeito do uso de um psicotrópico temos um vivenciar ‘artificial’ (personagem ou máscara que utilizamos), sem poder reagir com naturalidade (camisa de força química), um bem-estar com falsidades morais e ideológicas… enfim, sem poder assumir seu vivenciar com autorresponsabilidade. Temporariamente não somos nós!
IDIOSSINCRASIA é a resposta individual diversa aos agentes externos (alimentos, medicamentos…). Existem nuances sintomáticas, além das interações com drogas ilícitas, outros medicamentosas, das comorbidades, das influências ambientais e sociais etc… a reação individual é imprevisível!
Sábios mudam de opinião! Imbecis preferem ter razão a serem felizes! Pouca ciência nos afasta de Deus. Muita ciência nos aproxima.
- Quando e como utilizar racionalmente os PSICOTRÓPICOS na medicina arte / ciência / das evidências? Quais são os distúrbios mentais mais comuns!
2 comments
José M. T. M. Silva
16 de março de 2023 at 14:35
Opa, mandou bem Dr. Parabéns e obrigado. Precisamos nos desabituar de procurar soluções rápidas para tudo. Enfermidades devem ser vistas como chamamentos a maiores reflexões e mudanças. Grande abraço.
Beatriz C. Bernardes
16 de março de 2023 at 21:11
Acho necessário estudar,esclarecer, discutir este assunto, num nível que possa ser palatavel para a população, porque o apelo para o consumo de psicotrópicos é muito grande.