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Universitários 40+ representam cerca de 15% dos estudantes de Minas

Redação20 de março de 202310min0
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Cerca de 85% deles estão matriculados em instituições privadas; dados são do

Silvio Ferreira de Castro tem 47 anos e está em sua primeira graduação. Fernanda Marçolla completa 40 em abril e resolveu começar a “aventura” de cursar uma nova faculdade durante a pandemia. Os dois fazem parte dos cerca de 600 mil brasileiros acima dos 40 que estão nas salas de aulas das universidades pelo país. Só em Minas, estima-se que esse grupo seja formado por cerca de 55 mil pessoas, segundo dados de 2021 do Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Na última semana, um episódio de etarismo (preconceito com idade) na Unisagrado, em Bauru (SP), acabou despertando a curiosidade sobre o movimento de maior procura pela continuidade dos estudos nesta faixa etária.

“A população tem envelhecido de forma mais saudável. Isso gera uma busca por novos conhecimentos, vontade de mudar de carreira e até mesmo uma necessidade de atualização profissional”, analisa Vinícius Costa, diretor da Una Linha Verde e Cristiano Machado. Segundo ele, com mais anos de vida e disposição, as pessoas passam a buscar uma segunda graduação, algo complementar, que possa influenciar profissionalmente em suas carreiras.

É o caso de Silvio de Castro, profissional de 47 anos, que resolveu investir em sua qualificação. Ele trabalha no setor de eventos de uma distribuidora e, desde o ano passado, cursa logística na Una. “Meus colegas de sala são jovens entre 18 e 30 anos. A turma é muito tranquila e não senti nenhum tipo de rejeição”, conta. E este será o primeiro de muitos: o universitário pretende seguir em outros cursos.

Já Fernanda Marçolla, fez sua primeira graduação em artes cênicas, em 2001, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Depois de uma temporada de sete anos na França, voltou ao Brasil e começou a atuar como professora e tradutora de francês. Apaixonada por estudar, acabou se sentindo estagnada nos últimos anos e resolveu fazer o Exame Nacional do Ensino Médio para voltar à faculdade. Ela passou em 30° lugar para o curso de Letras há dois anos.

Com tantos jovens em sala, a tradutora conta que nunca se sentiu em um ambiente hostil, mas percebe que outras mulheres da sua idade, mais tímidas, normalmente são preteridas para os trabalhos de grupo. “Imagino que sejam pessoas que tiveram oportunidades de acessar a universidade pela primeira vez. Esse acanhamento vem da sensação de não pertencimento. O ‘o que estou fazendo aqui’ já existe; é tácito”, considera.

A reportagem de O Tempo encontrou Fernanda por meio de um tuíte onde ela ressalta seu orgulho de voltar a estudar e criticou o posicionamento das jovens de Bauru, que fizeram chacota da colega de 40 anos. “A universidade é pública e sem limite de idade”, escreveu em sua publicação.

Fernanda conta que ficou revoltada ao ver o vídeo. “Apesar de saber que são jovens muito imaturas e fizeram brincadeira de mau gosto, achei importante a repercussão negativa para gerar o debate. O etarismo ainda não ganhou holofote devido”, opina.

Para ela, além da questão da diferença de idade, é importante analisar o caso sob a perspectiva de classe e gênero. “As mulheres são as que mais abdicam de seus próprios sonhos para se dedicar à vida alheia. É um retrato de uma realidade social”, observa.

Segundo entrevistas da sobrinha de Patrícia Linares, estudante de 45 anos que foi alvo de chacota no vídeo que viralizou nesta semana, a tia sempre trabalhou e adiou os estudos para cuidar das irmãs mais novas.

Instituições privadas concentram o maior número de estudantes com 40+

Em Minas, das cerca de 55 mil pessoas, cerca de 85,4% dos universitários 40+, aproximadamente 47,1 mil, estão matriculados em instituições privadas. Nas universidades públicas, este número chega a apenas cerca de 8 mil, 14,4%.

Vinícius Costa, diretor da Una Linha Verde e Cristiano Machado, diz que, embora haja uma predominância de estudantes recém-formados do Ensino Médio nos cursos, observa uma diversidade cada vez maior nas instituições. “Isso inclui pessoas com 40 anos ou mais, que buscam dar continuidade na formação acadêmica e atualização profissional”, conta.

Um fator que também favoreceu o crescimento de matrículas pelo público de 40 anos ou mais é a difusão do Ensino à Distância (EAD), que beneficia àquele que precisa conciliar estudo, trabalho e casa.

De acordo com o Mapa do Ensino Superior, da Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do país, as matrículas no EAD têm registrado crescimento contínuo nos últimos anos. Nos dados mais atualizados, de 2019, elas sofreram um salto de 19,1%, com todo esse acréscimo concentrado na rede privada (21,7%). O levantamento também mostra que, no Brasil, os 40+ representavam apenas 7,1% dos alunos dos cursos presenciais.

Segundo o diretor da Una, o principal desafio para esse novo estudante 40+ é iniciar algo novo. “Há uma necessidade de se criar uma rotina, com muita disciplina, organização do tempo e da agenda, porque é uma entrega de muito afinco, principalmente num curso de graduação”, considera.

Por ter a diversidade como pilar, na Una existe um setor chamado Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão, que assiste qualquer aluno que tenha dificuldade durante sua jornada acadêmica. Psicólogos e psicopedagogos ajudam com orientação, aconselhamento e até intervenção em casos mais graves.

A Pontifícia Universidade Católica  de Minas (PUC-MG), por sua vez, tem um programa de bolsa sênior, voltado para estudantes com 40 anos ou mais, que garante até 50% de desconto na mensalidade.

Jovens debocharam de colega de classe de 44 anos

Entenda o caso de humilhação na Unisagrado

Na última semana, viralizou nas redes um vídeo de etarismo, gravado por  Bárbara Calixto, Beatriz Pontes e Giovana Cassalatti, estudantes de biomedicina da Unisagrado, de Bauru (SP). Nas imagens, as três jovens questionam o fato de serem colegas de classe de uma mulher de 44 anos.

Uma delas pergunta: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. A amiga responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era pra estar aposentada”. O deboche segue com as meninas dizendo que a aluna não saberia usar o Google.

Logo após a repercussão do caso, a vítima, Patrícia Linares, contou em suas redes sociais que recebeu flores e chocolates de outros colegas que se sensibilizaram com o caso. “O que são esses veteranos? Gigantes! E eu? Muito sortuda por estar rodeada de amor!”, escreveu Patrícia em seu perfil.

O vídeo de etarismo alcançou milhões de visualizações e vem sendo duramente criticado por boa parte dos internautas. As jovens argumentaram que se tratava de uma brincadeira. O conteúdo foi publicado, inicialmente, para uma lista privada de amigos do trio, mas acabou vazando para fora do grupo.

O centro universitário Unisagrado tomou apenas medidas administrativas contra as jovens. Mas, após tamanha repercussão negativa, Bárbara, Beatriz e Giovana abandonaram o curso. 

Fonte: O Tempo

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