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Alunos convivem com medo e crises de ansiedade após ameaças e ataques em escolas

Redação11 de abril de 202310min0
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Especialistas apontam que pais precisam discutir o assunto com seus filhos e cobram medidas efetivas das autoridades públicas

A sequência de ameaças de massacres e os recentes episódios de violência em instituições de ensino de Santa Catarina e de São Paulo fizeram do ambiente escolar um reduto do medo em Minas Gerais. Crianças e adolescentes, que hoje estão no foco do debate sobre segurança pública, passaram a conviver com a sensação de insegurança e distantes da tranquilidade desejada para um espaço desenvolvido com o objetivo de potencializar habilidades físicas, cognitivas e afetivas. Como consequência do medo, alunos das redes municipal, pública e privada sofrem com sintomas de crises de ansiedade e com receio de frequentar as aulas. Uma realidade que preocupa professores, instituições de segurança pública e responsáveis pelos estudantes.

Essa sequência de fatos fica no imaginário das crianças e dos adolescentes, e tem como consequência o aumento da ansiedade. Esses grupos responsáveis pelas ameaças e pelos ataques estão procurando justamente isso: causar na sociedade um certo medo e deixar todo mundo em situação de alerta”, aponta a psicóloga e especialista em direitos das crianças e adolescentes Andreia Barreto. A especialista acredita que este é o momento de privar as crianças deste “imaginário” de violência provocado pelas ameaças e pelos ataques. “Isso pode gerar graves problemas de saúde. Nós temos dois tipos de ansiedade, uma é aquela comum do ser humano e a outra a patológica. E essa segunda ocorre quando as crises são mais intensas, constantes e o medo está mais presente, como agora”, explica.

Essa sensação de medo tomou conta de alunos de uma escola da rede estadual do bairro Santa Branca, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Eles ficaram assustados após a divulgação da chamada “Lista do Massacre”, que começou a circular nas redes sociais no último final de semana. O vídeo aponta que escolas de mais de 35 cidades mineiras seriam alvos de uma série de ataques previstos para o período entre os dias 10 e 20 de abril. Até 12h desta segunda-feira (10), a postagem já tinha atingido 87 mil curtidas, 28,4 mil comentários e mais de 11 mil compartilhamentos em uma rede social. O caso é investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais. O vídeo foi retirado do ar pela rede social onde foi publicado.

“O meu colega começou a chorar, parece que teve uma crise de ansiedade. Como ele participa muito da Igreja, citou um versículo bíblico e chorou. Ficou muito assustado e com medo”, relata uma aluna de 12 anos da instituição de ensino da rede estadual, na região da Pampulha. O episódio, segundo a adolescente, ocorreu no intervalo das aulas do turno da manhã desta segunda-feira (10). O garoto teria se assustado quando escutou um barulho próximo ao portão da unidade de ensino. “Falaram que tinha alguém gritando e que mandou abrir o portão. Ele desesperou, pensou que estava acontecendo naquele momento”, narra a estudante.

Ainda de acordo com a adolescente, que terá a identidade preservada, a suposta “Lista do Massacre” foi assunto entre os estudantes durante as aulas. “Na van, minha colega falou sobre esse massacre. Na sala, meus colegas também comentaram. Eu fiquei em alerta”, descreve. Para ela, embora os professores e os membros da diretoria tenham garantido que os alunos estão seguros, o sentimento é de apreensão. Algo que, segundo a adolescente, pode atrapalhar o desempenho dela e dos demais colegas na semana de provas. “Fico preocupada, não sei se vai acontecer. O que vou fazer se for verdade? Não tenho ideia?”, questiona a estudante.

Medidas precisam ser eficientes

O especialista em segurança pública Arnaldo Conde alerta sobre as medidas adotadas a partir das ameaças nas escolas de Minas e dos ataques ocorridos em Santa Catarina e em São Paulo. Para ele, muitas das medidas adotadas são equivocadas, já que não consideram as particularidades de cada cidade e região. Conde também aponta que a forma que as autoridades têm conduzido esses casos cria um sentimento de pânico e uma sociedade estruturada no medo.

“Estão tomando algumas medidas com base naquilo que é exceção. Os pais precisam conversar com seus filhos e pontuar aquilo que é real, que de fato acontece”, orienta o especialista. Conde acredita que mesmo diante do medo, as escolas não precisam de mais equipamentos de segurança. “O que elas possuem já é suficiente. Qual a necessidade, por exemplo, de um detector de metais? Isso não faz diferença no dia a dia. A gente precisa de medidas mais razoáveis. Se uma escola foi invadida, os profissionais precisam estar treinados para conseguir trancar em uma sala. Aquela porta e aquela fechadura precisam ser resistentes, isso sim”, comenta.

Para o especialista, a Operação de Patrulhamento Escolar, lançada pela Polícia Militar de Minas Gerais, que pretende criar um conselho comunitário de segurança pública escolar em todas as cidades mineiras, pode colaborar com a segurança das instituições de ensino. No entanto, conforme Conde, essa troca de informações entre professores, responsáveis por estudantes e alunos irá favorecer somente o entorno da escola.

“E dentro da escola? Isso não muda tanto. É preciso ter calma em momentos como esse e pensar de forma mais prática. Propor soluções individuais para cada lugar. Tem que ter uma visão de integrar as escolas nos programas de segurança comunitário, utilizar as dependências delas para fazer essas reuniões. As ações precisam ser pensadas nesse sentido”, avalia.

O papel dos pais e dos professores

Diante dos sentimentos de insegurança por causa das constantes ameaças e dos episódios ocorridos em Santa Catarina e em São Paulo, a psicóloga Andreia Barreto acredita que além de privar crianças e adolescentes deste “imaginário de violência”, é necessário que os responsáveis busquem tranquilizar esses estudantes. Para ela, é importante que os familiares, principalmente os pais, tenham a confiança de seus filhos para conversar sobre o assunto.

“Os pais são a fonte de segurança. Eles precisam conversar muito com seus filhos sobre a situação, passar tranquilidade e não o temor que estão vivendo. O caminho é tranquilizar, reforçar que eles estão em ambientes seguros e que serão protegidos. Além disso, dizer que podem contar com eles e que devem falar sobre qualquer acontecimento fora da normalidade”, sugere.

Barreto também destaca que é importante desenvolver mecanismos preventivos e estratégias de intervenção que proporcionem um maior diálogo entre escola, alunos e família, assim como incentivar a tolerância, empatia e o respeito.

“A escola, agora, é o cenário mais adequado para tratar este assunto. Mais do que aprender português, matemática e história, os alunos precisam sentir que esse é o espaço em que podem falar sobre suas emoções. Falar sobre convívio e as relações interpessoais, que foram afetadas pela pandemia. A escola precisa cuidar menos do currículo e mais dos adolescentes”, completa.

Fonte: O Tempo

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