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Infrações por brigas de trânsito aumentaram 43% em Minas Gerais

Redação18 de abril de 202314min0
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No Estado, uma briga de trânsito acaba em violência a cada dois dias; falta de controle emocional, intolerância e acúmulo de problemas de trânsito são agravantes

Uma briga de trânsito acaba em violência a cada dois dias em Minas Gerais. Seja por um xingamento pela janela do carro, agressões físicas ou atropelamento, a sensação de segurança nas vias do Estado está cada dia mais baixa. De acordo com os dados mais recentes da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), as infrações por desentendimentos no trânsito cresceram 43% em janeiro deste ano com relação ao mesmo período de 2022 – saindo de 14 casos para 20. Especialistas analisam falta de controle emocional, crescimento da intolerância e acúmulo de problemas de trânsito como agravantes.

Nos últimos dois meses, três casos de brigas no trânsito com desfechos ruins foram veiculados na mídia (veja abaixo). O mais recente, desse final de semana, culminou na morte do instrutor de autoescola Alessandro Gomes de Carvalho, de 48 anos, que foi arrastado por um carro e prensado contra outro veículo. O caso levou a familiares, amigos e ex-alunos do instrutor a manifestarem por justiça, uma vez que o motorista fugiu sem prestar socorro.

A morte de Alessandro gerou repercussão pela briga ter sido gravada por testemunhas e o vídeo compartilhado na internet, mas a maioria dos casos não chega a ser registrada pelos órgãos oficiais. A especialista em trânsito Cinthia Almeida afirma que os dados estão subnotificados. “Estamos acompanhando sim um aumento de violência no trânsito, muito maior do que o notificado. É comum que quando acontecem agressões, xingamentos, gestos inadequados, uma jogada do carro em cima de outro veículo, que a vítima não denuncie”, diz.

Almeida explica que o sentimento de impunidade e a movimentação do trânsito dificulta a tomada de decisão. “A pessoa precisa parar para pegar a placa do veículo que cometeu a infração e abrir a ocorrência estando em uma situação de coação. Em meio ao trânsito, ela já perdeu de vista o condutor e prefere deixar para lá. Ainda existe a crença de que não vai dar em nada, que não adianta registrar, pois o agressor não vai ser penalizado. Mas violência no trânsito acontece todos os dias, repetidamente”, continua a especialista.

De fato, não são raros os casos em que o agressor foge do local a fim de sair impune. O delegado Rodrigo Otávio Fagundes, da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito da Polícia Civil (DEPICT), reforça que a polícia tem inteligência para encontrar o suspeito. “É uma das coisas mais terríveis que pode acontecer. O indivíduo comete um erro e tenta fugir da responsabilidade. Nesses casos, nós damos atenção especial. Por meio de depoimentos de testemunhas, denúncias, câmeras de segurança, conseguimos encontrar o suspeito para puni-lo da forma correta”, afirma.

O delegado garante que a maioria dos agressores são encontrados e recebem aumento de pena de até ⅓. “Na verdade, o suspeito que foge está complicando para ele mesmo. No trabalho da polícia, quando recebemos uma ocorrência, nós intimamos os envolvidos e escutamos todas as versões, todos têm direito a ampla defesa. Então analisamos as provas colhidas no local e de investigação e concluímos um inquérito para punição do infrator. Quem fica para socorrer é menos penalizado”, continua Fagundes.

Trânsito: onde todos os grupos sociais se encontram

“Todas as diferenças se encontram no trânsito”. A fala da especialista Cinthia Almeida chama a atenção para a maior possibilidade de desentendimento nas vias públicas. “O desafio do convívio em sociedade é encarado no trânsito, onde ocorre o encontro de todos os grupos sociais. Se não há o cumprimento das normas, então a cidadania é posta à prova e aumenta o risco das reações agressivas”, diz.

É por isso que a individualidade e a falta de tolerância são apontadas como razões para o aumento recente da violência. “A violência exacerbada tende a reverberar nos conflitos dentro do trânsito. Um pequeno atrito é levado ao extremo quando as pessoas agem com intolerância e egoísmo. É uma desvalorização da vida, o infrator age com individualismo e não pensa na pessoa que está alí na sua frente, nas consequências. Ao invés do diálogo, estamos vendo escolherem a agressão”, reforça o delegado Rodrigo Otávio Fagundes.

Ainda, a especialista Almeida explica que, uma vez dentro de um veículo, é comum que o motorista ou piloto se sinta atingido pessoalmente quando ocorre um acidente. Assim, ele age com impulsividade para proteger a si mesmo. “O veículo é um instrumento de poder. Quando ocorre uma batida, por exemplo, a pessoa se sente agredida, como se o carro fosse a sua extensão. Dessa forma, fica muito mais fácil agir com agressividade, porque se esquece de olhar para o próximo e perceber o valor daquela vida. Você está focado no ódio em ter sido atingido”, explica.

Belo Horizonte tem um dos piores trânsitos do mundo

pesquisa internacional “TomTom Traffic Index 2022” colocou a capital mineira em 39° lugar no ranking das cidades com pior trânsito de todo o mundo. Na lista, aparecem 390 municípios. O estudo concluiu que o belo-horizontino perde 48% do seu tempo no trânsito parado em engarrafamentos.

Em BH, o número de infrações por briga de trânsito dobrou em janeiro deste ano com relação ao ano passado. Em 2022, foram registradas quase uma infração por semana. O estresse causado por engarrafamentos e problemas nas vias é um dos fatores que impactam no aumento da violência. “Nós temos diversos problemas que impactam na saúde no trânsito e aumentam o estresse. A falta de um transporte público de qualidade, um plano de mobilidade que ainda tem um foco específico no automóvel, um espaço nas ruas que já está pequeno para o número de carros, tudo isso pesa como gatilho para uma reação violenta frente ao primeiro problema que aparecer”, afirma Almeida.

Leis mais rígidas e aposta na educação

Para enfrentar a escalada da violência no trânsito, especialistas apostam em leis mais rígidas e no investimento em uma instrução baseada em tolerância e respeito nas vias. A Polícia Civil, por exemplo, realiza um trabalho de prevenção com a parceria da Polícia Penal e do Corpo de Bombeiros. “Realizamos campanhas preventivas com palestras e instruções por um trânsito mais seguro e tolerante. Trabalhamos inclusive com crianças, porque elas estarão ocupando as vias no futuro”, explica o delegado Rodrigo Otávio Fagundes.

É também na educação que a especialista em trânsito Cinthia Almeida acredita. “Começando pela educação infantil, para que as novas gerações possam aderir a uma postura diferente. E, então, nas aulas de autoescola, incluir aulas de controle de emoções, comportamento humano. Além de reforçar que a legislação não está alí para decorar, passar e esquecer, mas gerar segurança”, explica.

Almeida acredita que leis mais rígidas também podem funcionar para evitar novos casos de violência. “O nosso Código de Trânsito ainda tem muito a melhorar. Punições mais severas podem diminuir as infrações. Por exemplo, o sistema de acúmulo de pontos na carteira nem sempre funciona, porque nem sempre é o proprietário do carro que é o condutor. Às vezes, isso é usado até mesmo com a intenção de burlar a regra”, diz.

Relembre os casos:

  • 16 de abril de 2023: Instrutor de autoescola tem morte encefálica após ser arrastado por carro em BH

O instrutor de auto-escola Alessandro Gomes de Carvalho, de 48 anos, teve a morte encefálica confirmada após ser arrastado por um carro durante uma briga de trânsito. A confusão, registrada em vídeo por populares, ocorreu na última quarta-feira, quando a vítima dava uma aula de direção, em um Fiat Mobi, na Rua José Lima de Almeida, no Bairro Floramar, na região Norte de Belo Horizonte. O veículo da autoescola foi atingido por um Wolkswagen Voyage.

  • 4 de abril de 2023: Vídeo: homem se pendura em capô de carro durante briga de trânsito em Minas

Um acidente de trânsito acabou com um homem pendurado no capô do carro de uma mulher, em Conselheiro Lafaiete, na região Central de Minas Gerais. De acordo com informações do boletim de ocorrência, o homem, de 39 anos, contou que, após uma colisão, ele tentou dialogar com a condutora, de 24 anos. A mulher teria dito que estava com pressa e que não ia parar. O motorista, então, resolveu subir no capô da caminhonete para que a mulher não saísse do local até a chegada da viatura. A Polícia Militar conseguiu intervir antes de um desfecho ruim.

  • 8 de março de 2023: Dupla que matou homem por briga em trânsito é presa quatro meses depois do crime

A Polícia Civil prendeu dois homens de 28 e 29 anos suspeitos de matarem um motorista de 59 anos em novembro do ano passado na cidade de Passos, no Sul de Minas. O homicídio foi motivado por uma briga no trânsito. De acordo com as apurações, após um simples aborrecimento no trânsito, os suspeitos perseguiram a vítima até a casa dela e a agrediram com chutes e socos. Testemunhas interromperam a violência.

  • 26 de julho de 2022: Delegado atira e mata motorista durante briga de trânsito em Belo Horizonte

Um delegado da Polícia Civil de Minas Gerais atirou e matou um motorista durante uma briga de trânsito. O desentendimento ocorreu no Viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha. O delegado estava em uma viatura descaracterizada quando foi fechado pelo caminhão, o que deu início a uma discussão. Após algum tempo, o policial teria fechado o reboque da vítima e efetuou o disparo, que atingiu o pescoço do homem. À época, o crime marcou a discussão de violência no trânsito.

Fonte: O Tempo

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