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Perda auditiva não tratada aumenta em 42% risco de Alzheimer, diz estudo

Redação24 de abril de 20238min0
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Os autores destacam que há vários elementos que podem influenciar a associação, incluindo a conexão de neurônios relacionados à audição e à cognição

Em todo o mundo, mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência, número que deve quase triplicar em 2030, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora multifatorial, a deterioração neurocognitiva tem fatores de risco evitáveis. Entre eles, a perda auditiva não tratada, segundo um estudo com dados de 438 mil pessoas, considerado um marco histórico por especialistas. Os autores destacam que há vários elementos que podem influenciar a associação, incluindo a conexão de neurônios relacionados à audição e à cognição.

Apesar de não ser o primeiro estudo a identificar um risco aumentado de demência em pessoas com surdez parcial não tratada, este é o maior já realizado. Publicada na revista The Lancet Public Health, a pesquisa descobriu que pessoas entre 40 e 69 anos têm um risco 42% maior de desenvolver degeneração neurocognitiva caso tenham perda auditiva e não usem aparelho, comparada às que utilizam os dispositivos.

Para investigar como os aparelhos auditivos podem impactar a demência, os pesquisadores analisaram o UK Biobank, um banco de dados que inclui informações genéticas e de saúde detalhadas de quase meio milhão de pessoas no Reino Unido. Dos avaliados, 111.822, um quarto, apresentaram perda auditiva – desse grupo, apenas 13.092 (12%) usavam o dispositivo.

Os autores, então, descobriram que aqueles com perda auditiva que não usavam aparelhos tinham um risco 42% maior de desenvolver demência por todas as causas. Ao mesmo tempo, nenhuma probabilidade aumentada foi encontrada entre os que tinham surdez parcial, mas utilizavam o equipamento. “Isso foi um tanto inesperado”, conta Fan Jiang, do Centro de Gerenciamento de Saúde e Pesquisa de Políticas da Universidade de Shandong, na China, e principal autor do estudo. “O que me surpreendeu é que aqueles que usavam aparelhos auditivos eram tão propensos a serem diagnosticados com demência quanto alguém que tinha audição perfeita.”

Os pesquisadores chegaram a esses resultados mesmo após considerar outros fatores que podem contribuir para a demência. “Também conduzimos uma extensa análise de sensibilidade e interação para testar a robustez de nossas descobertas”, destaca Fan. “Nosso estudo fornece a melhor evidência até o momento para sugerir que os aparelhos auditivos podem ser um tratamento minimamente invasivo e econômico para mitigar o impacto potencial da perda auditiva na demência.”

Privação sensorial

A associação precisa entre os dois fatores não está clara. Porém, há algumas pistas. A primeira é que a perda auditiva leva à privação sensorial, algo com impactos em larga escala. Por exemplo, mudanças estruturais em regiões cerebrais como o hipocampo, crucial na memória e na aprendizagem. Essas alterações podem reduzir a reserva cognitiva e, consequentemente, aumentar o risco de demência. “A estimulação auditiva é vital. A capacidade auditiva total aumenta o alcance da entrada no lobo temporal superior do cérebro – e o lobo temporal é o centro da memória”, destaca a neurologista Anna Norvig, do Centro de Distúrbios da Memória da Weill Cornell Medicine, nos EUA, que não participou do estudo.

Outra possibilidade é que os neurônios e as vias cerebrais associadas à audição e à cognição estejam conectadas diretamente. Uma das teorias, hoje, propõe uma interação entre a atividade cerebral alterada no lobo temporal medial quando há dificuldade para se escutar e a própria patologia orgânica do Alzheimer, com alterações fisiológicas no cérebro. Também já se levantou a hipótese de a perda auditiva sobrecarregar o órgão.

Dificuldades

“O estudo aumenta nossa compreensão de que manter a audição protege o cérebro. Mostra que isso, provavelmente, se deve parcialmente à capacidade de permanecer socialmente conectado e aos efeitos diretos na conectividade cerebral que não são totalmente compreendidos”, destaca Tracey Newman, professora de neuroimunologia da Universidade de Southampton, na Inglaterra. “Em suma, esse é um trabalho importante que apoia e se baseia em outras descobertas na área. Um aspecto único é o tamanho da população do estudo e a amplitude das medidas de saúde incluídas, o que possibilitou uma análise mais detalhada.”

De acordo com Charles Marshall, professor de neurologia preventiva na Universidade Queen Mary, em Londres, inúmeras pessoas com perda auditiva não utilizam os aparelhos porque a qualidade do som que chega a elas não é boa. “Os aparelhos auditivos produzem um som levemente distorcido, e o cérebro precisa se adaptar a isso para serem úteis”, diz. “Pessoas com risco de desenvolver demência podem apresentar alterações precoces no cérebro que afetam essa adaptação, e isso pode levá-las a decidir não usá-los”, afirma.

Porém, Fan Jiang, principal autor do estudo publicado na The Lancet, diz que fonoaudiólogos treinados podem ajustar os aparelhos. Um forte impeditivo para o uso dos equipamentos, diz o cientista, é o preço. “Aparelhos auditivos são caros”, lamenta. Fan destaca a importância de fazer exames auditivos a partir dos 40 anos caso se esteja notando alguma alteração, já que a demência é um processo demorado, que pode se desenvolver ao longo de décadas.

Estudo é “marco de era”

Palavra do especialista

“Esse é um artigo muito bom, publicado por um grande grupo de pesquisadores em uma revista respeitadíssima. É um daqueles artigos que é marco de era, porque traz uma robustez de informações muito importantes. Em síntese, ele diz que, se a gente tratar surdez de verdade a partir da meia-idade, teremos uma redução muito grande nos casos de demências no mundo.

Os estudos que falam sobre prevenção de demência procuram saber quantos casos seriam evitados se fossem eliminados fatores de risco. O controle de obesidade, diabetes e dislipidemia reduz de 3% a 4%, o que é muita coisa, em um universo de mais de 50 milhões de pessoas. Mas o tratamento da surdez na meia-idade é o que traz as maiores reduções. Os casos seriam reduzidos em 8%, segundo outro estudo publicado anteriormente na The Lancet. É muito expressivo.

Fonte: Portal UAI

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