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Moradores querem que árvore cortada vire patrimônio do Coração Eucarístico

Julia Toledo26 de julho de 20189min0
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Após impedir corte de árvore, moradores disseram que houve nova vistoria hoje. 'Ela é o coração da gente', afirma Emil Ritz, de 90 anos, que plantou o espécime em 1961

Depois do protesto que impediu o corte de uma antiga árvore plantada na Avenida Dom José Gaspar, moradores do Bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste de Belo Horizonte, fizeram um ato na manhã desta quinta-feira e acompanharam uma nova vistoria realizada na planta hoje. Inicialmente, a informação é de que a árvore deve continuar no local. Para garantir a segurança dela, a associação de moradores informou que vai acionar a prefeitura para que ela seja oficializada como patrimônio do bairro.

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Coração Eucarístico (Amocoreu), Cassius Marcellus, disse que hoje estiveram no local técnicos de meio-ambiente, um engenheiro florestal, engenheiro agrônomo e o gerente de Operações da Regional Noroeste da PBH. “Eles confirmaram que a árvore é saudável, que não impede a passagem de pedestres pelo passeio e que foi uma falha de comunicação da prefeitura não fazer o contato coma Amocoreu avisando da supressão da árvore”, afirma o presidente da entidade. “Ela está em um quarteirão totalmente comercial, por isso a prefeitura não imaginou que teria esse apelo sentimental dos moradores”, explicou.

Conforme Marcellus, a equipe informou que deverá ser realizada uma nova poda de reequilíbrio para que a árvore seja mantida. “Eles disseram que é comum fazerem o corte de uma árvore e moradores se manifestarem contra, mas, na maioria dos casos aprovados, é por conta de árvores doentes. Aí não há reversão”, relatou o presidente da Amocoreu. “Vamos agir junto à Secretaria de Meio Ambiente para ela ser considerada efetivamente patrimônio do Coração Eucarístico. Vamos fazer um ofício junto à Regional Noroeste, vamos encaminhar à Secretaria de Meio Ambiente e onde mais foi possível”, pontuou.

Árvore salva pela revolta

“Plantei esta árvore, ela é o coração da gente”, lamentou Emil Ritz, de 90 anos, ao ouvir o ruído de motosserras e se deparar com os galhos e folhas no chão do grande fícus, podado na manhã de ontem, no bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste de Belo Horizonte. O início do corte da árvore, considerada um marco do bairro, revoltou e gerou protestos de moradores, que só terminaram após a chegada da Polícia Militar. Diante das reações, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que faria uma reavaliação sobre a situação do espécime. De acordo com o último laudo técnico, a árvore foi considerada inadequada para permanecer na calçada por ser muito idosa, com raízes que danificam o passeio, a rua e a rede hidráulica.

Emil Ritz conta que foi o primeiro morador do bairro Coração Eucarístico e que plantou a árvore com o intuito de deixar a rua – a atual Avenida Dom José Gaspar – mais bonita. “Comprei um terreno no bairro em 1961. Era uma rua cheia de mato e queríamos arborizar a região”, contou Ritz, ao lamentar a decisão da prefeitura. Ele se lembra de que a árvore foi plantada em um pequeno vaso e que sentia orgulho ao ver o grande tronco crescer e, em seguida, virar um símbolo importante para os moradores do bairro. “Eu a molhava com a água da cisterna que fiz. Uma vez, fiquei suspenso por uma corda a 13 metros de altura nessa cisterna. Quase morri. Agora, estão cortando a árvore. É um absurdo, fiquei muito triste”, disse.

A administradora Danielle Salgado contou que o corte começou por volta das 9h. “O pessoal ficou muito nervoso e não queria deixar cortar. É uma árvore velha, mas não está doente. Os moradores e comerciantes, que poderiam pedir para cortar, são todos contra”, garante a moradora do bairro. Segundo Danielle, com a notícia do corte, moradores começaram a ir para o local para impedir que isso fosse feito. Em determinado momento, os ânimos ficaram exaltados e houve um bate-boca entre um dos funcionários que trabalhavam na poda e um morador. A Polícia Miltar precisou ser chamada.

Leonardo Arantes Araújo, um dos moradores que estiveram no local e que é engenheiro florestal diz que o Ficus é mais adequado para parques, mas que não deveria ser cortado porque pode ser considerada um patrimônio da cidade e estava saudável até a intervenção. “Trabalhei no inventário das árvores de BH. Minha equipe esteve no Coração Eucarístico em 2012 e avaliamos (o espécime). Não tenho os dados da avaliação dela mas, por experiência, posso dizer que é uma árvore sadia. Não tem indício nenhum de larva, de podridão, nenhum galho pendente que possa cair na rua e machucar alguém”, diz Araújo. Mas o engenheiro florestal acredita que com os cortes feitos ontem a planta corre o risco de não se recuperar. “Acho difícil porque eles fizeram uma poda lateralizada dela. Ela já tem um peso do lado esquerdo. Vai ter que fazer uma poda de compensação”, explicou.

NOVAS REGRAS

No início do ano, os técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte começaram a se pautar por 38 quesitos na hora analisar qualquer uma das cerca de 500 mil árvores da cidade. Entre os pontos, há questões ligadas diretamente à saúde do espécime e também a desdobramentos nos espaços públicos, além de situações do histórico de reclamações da vizinhança. Cinco itens são considerados prioritários, e caso qualquer um deles apareça, a árvore em questão deverá ser obrigatoriamente cortada. São eles: estufamento na calçada acompanhado de inclinação do tronco no sentido oposto; desequilíbrio irreversível da copa; pragas que comprometam a estabilidade, como besouro metálico; presença de qualquer outro defeito que interfira no equilíbrio; e obstrução total da calçada em conjunto com bloqueio, mesmo que parcial, de uma via de trânsito de veículos.

A prefeitura informou que faria uma reavaliação sobre a situação da árvore da Avenida Dom José Gaspar. Segundo a administração municipal, no último laudo técnico da prefeitura, foi constatado que o espécime é inadequado para passeios público, muito idoso e com raízes que danificam a calçada, a rua e a rede hidráulica. “Caso o poder público entenda que há necessidade da supressão, será feito o plantio de três mudas arbóreas no mesmo passeio, sendo elas ipês-amarelos ou magnólias”, explicou a PBH, por meio de nota divulgada na tarde de quarta-feira.

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