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Clubes de futebol brasileiros faturam R$ 5 bilhões, mas dívida é maior

Redação4 de setembro de 201810min0
FutebolDividas
Aumento da receita, porém, é superado pelo crescimento das dívidas, que somaram quase R$ 7 bi no ano passado

Estado de Minas – em.com.br

São Paulo – Se dentro das quatro linhas o futebol em 2018 será marcado pela derrota do Brasil na Copa, fora de campo há boas notícias. Segundo estudo recém-divulgado pela consultoria de marketing esportivo Sports Value, a receita dos 20 maiores clubes do país atingiu pela primeira vez a marca de R$ 5 bilhões. Não é pouco. Em 2003, o montante arrecadado somou R$ 650 milhões – o que dá um aumento de quase oito vezes.

O Flamengo registrou o maior incremento de receitas entre 2016 e 2017 e tomou do Palmeiras o posto de clube mais rico do país. O ganho na arrecadação no último ano foi de R$ 138,6 milhões. No total, o clube carioca teve um caixa de R$ 649 milhões, de acordo com os dados da Sports Value. O Botafogo foi o segundo clube que mais viu as receitas subirem – engordou o caixa em R$ 120 milhões. Em seguida aparece o Cruzeiro, com ganho de R$ 106 milhões de arrecadação em 2017.

No ranking de arrecadação, o Palmeiras ficou em segundo, com R$ 504 milhões, seguido de São Paulo (R$ 480 milhões) e Corinthians (R$ 391 milhões). O Cruzeiro está na quinta posição, com R$ 344 milhões. No campo oposto, o Corinthians foi o clube com maior redução de receitas em 2017: queda de quase R$ 95 milhões. O Fluminense, que viu as receitas encolherem R$ 81 milhões, e o Internacional (menos de R$ R$ 47 milhões), completam as três primeiras posições.

O que mais puxou as receitas dos times foi a transferência de atletas, que avançou 40% em 2017, chegando a R$ 960 milhões. O número foi puxado pela transferência de Vinícius Junior, do Flamengo, para o Real Madrid, em maio do ano passado, por 45 milhões de euros (cerca de R$ 165 milhões na cotação da época). Outras fontes de receita também evoluíram: patrocínio (27%), sócios (17%) e bilheteria (9%). As receitas de TV caíram 18% porque, em 2016, os clubes receberam altos valores de luvas da Globo e do Esporte Interativo – que não se repetira m em 2017.

Apesar do maior faturamento, Amir Somoggi, sócio da Sports Value, não vê motivos para comemoração. “Os clubes vivem de poucas fontes de receita e, quando têm aumento na arrecadação, gastam mais do que arrecadam”, diz. “Isso é fruto de uma gestão voltada apenas para o resultado dentro de campo.”

Quase 60% da arrecadação dos clubes vem de duas fontes: venda dos direitos de televisionamento (R$ 2 bilhões) e de direitos de jogadores (R$ 966 milhões). Segundo Somoggi, a situação financeira dos clubes seria mais saudável se outras fontes de receita, como bilheteria, sócios e patrocínios, tivessem maior relevância. “Na Europa, as receitas de TV são muito importantes até para os grandes clubes, mas a dependência é menor.”

Segundo estudo da consultoria Deloitte, na temporada 2016-2017, os 20 maiores clubes europeus arrecadaram quase 8 bilhões de euros, ou cerca de R$ 38 bilhões, pouco mais que sete vezes o montante dos clubes brasileiros. Cerca de 45% vieram da TV, 38% de patrocínio e venda de produtos e 17% do que o mercado internacional chama de “matchday”, como são chamadas as receitas vindas do público numa partida, incluindo comida, bebida e ingressos. Na Europa, o clube mais rico é o Manchester United, da Inglaterra, que faturou 676 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões), ou quase cinco vezes o arrecadado pelo Flamengo. Real Madrid (675 bilhões de euros) e Barcelona (648 bilhões) completam o pódio.

Os dados corroboram a tese de Somoggi de que aumentos de receitas são seguidos por avanços ainda maiores nos gastos. Entre 2016 e 2017, o montante gasto pelos maiores clubes brasileiros no departamento de futebol acelerou 21% (somando R$ 3,5 bilhões), enquanto as receitas cresceram apenas 4%. Nos últimos três anos, só cinco clubes fecharam no azul. Em 15 anos, o déficit somado dos 20 clubes chega a R$ 2,4 bilhões.

Uma situação como essa não poderia resultar em outra coisa senão aumento da dívida, que saiu de R$ 1 bilhão em 2003 para R$ 6,7 bilhões no ano passado. O clube mais endividado é o Botafogo, que deve R$ 720 milhões, seguido do Internacional (R$ 700 milhões), Fluminense (R$ 560 milhões) e Atlético-MG (R$ 538 milhões). Entre 2011 e 2017, só dois clubes conseguiram baixar o que devem, Flamengo e Chapecoense (SC).

A despeito dos problemas, que são muitos, é possível notar avanços. Segundo o especialista em finanças de clubes Cesar Grafietti, os times brasileiros têm melhorado a gestão financeira. “Hoje, notamos uma preocupação com a qualidade da gestão dos recursos”, diz Grafietti, consultor sênior do Itaú BBA. “Há alguns anos, eram mais descuidados com pagamento de salários, fluxo de caixa, controle da dívida e da divulgação das informações financeiras”, diz o especialista.

Apesar de ser o mais endividado, o Botafogo é o que menos gasta com o departamento de futebol na proporção das receitas: 41%. Em 2013, gastava 93%. No ano passado, teve o terceiro maior superávit (R$ 57 milhões), atrás apenas de Flamengo e Palmeiras, que terminaram 2017 com saldos positivos de R$ 159 milhões e R$ 57 milhões, respectivamente. “Os clubes começam a entender que precisam controlar despesas como se fossem empresas”, diz Grafietti.

ENTREVISTA
Amir Somoggi
sócio da Sports Value

“Os clubes vivem de poucas fontes de receita”

Como você analisa a situação financeira dos clubes?
Os clubes vivem de poucas fontes de receita. A dependência é enorme da TV, venda de jogador e, eventualmente, de patrocinadores. Quando as receitas de TV sobem, a situação dos clubes melhora. Quando caem, só a venda de jogador resolve.

Por que isso acontece?
Os clubes são geridos de modo irresponsável, fruto de administrações não profissionais. Eles gastam em um ano o que poderiam gastar em quatro. O foco é ganhar títulos, independentemente do efeito que isso possa causar nas finanças do clube.

Não há sinal de melhora?
Há. Começa a surgir um movimento positivo na gestão dos clubes. Mas ainda é pequeno. Os clubes teriam muitos problemas se a Rede Globo cortasse a verba para futebol.

Quais os melhores exemplos?
Flamengo, Palmeiras e Chapecoense. Desses, destaco o modelo de administração do Flamengo, que reduziu a dívida, que era imensa, e aumentou a receita de forma substancial. E a Chapecoense, que consegue ter boa gestão que não se deixa levar pelo afã de ganhar títulos a qualquer custo. O Palmeiras tem um modelo que não considero tão saudável, que é depender muito de um patrocinador.

Qual é a saída para os clubes?
Parar de olhar para o próprio umbigo. Os clubes precisam se unir e encarar o futebol como um todo. Juntos, eles concentram 88% do mercado do futebol. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as federações estaduais, somadas, mal chegam a 12%. Os clubes precisam se juntar, formar uma liga, como fizeram os times da Europa. E, a partir da liga, criar campeonatos rentáveis, com um bom calendário. Hoje, por conta dos campeonatos estaduais, quase 35% do tempo os clubes arcam com prejuízos.

Os clubes não seriam desfiliados da CBF e da Fifa se montassem uma liga?
Os clubes criam uma liga para cuidar dos campeonatos nacionais e a CBF cuida da Seleção. Isso ocorre em vários países da Europa e a Fifa não desfiliou clube algum por conta disso. Se a Fifa aceita a Premier League, da Inglaterra, também vai aceitar uma liga brasileira.

“Os clubes são geridos
de modo irresponsável,
fruto de administrações
não profissionais”

Fonte: em.com.br

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