Cooperativas investem em tecnologia para garantir segurança do café em armazéns
Para garantir a segurança do café, cooperativas da região têm investido em tecnologia. São itens como nota fiscal, seguro e até chips. Na semana passada, houve um suposto golpe em um armazém em Três Pontas (MG). A empresa responsável pelo depósito sumiu com cerca de 25 mil sacas de café. Para quem trabalha no meio, só as paredes dos armazéns já não são garantia de proteção.
“A gente pega um código de barras e cria uma senha e essa senha acompanha todo o procedimento de descarga, armazenamento, onde vem o chip dos bags, com identificação de lotes, o lote de um produtor é diferente do outro. Então é armazenado tudo separadamente”, disse o gerente de cooperativa, Guilherme Pinelli.
Segundo o presidente da Cocatrel, de Três Pontas, a segurança começa antes do café sair da fazenda, com a nota fiscal. “Qualquer café, de qualquer produtor, independente do tamanho dele, para ingressar com o café ele tem que emitir uma nota e é importante dizer que ao tirar a nota, ele já está segurado, desde a propriedade, desde a fazenda, até nossos armazéns”, disse o presidente Marco Valério Araújo Brito.
Na semana passada, vários produtores de café de Três Pontas viram toda a produção da última safra desaparecer de um galpão. A maioria era de pequenos produtores, que não tinham nota do grão. O problema veio à tona quando eles encontraram o lugar praticamente vazio.
Segundo a Polícia Civil, cerca de 25 mil sacas avaliadas em quase R$ 12 milhões, foram retiradas do armazém sem autorização dos produtores. O uso de chips, já adotado por algumas cooperativas, permite ao produtor verificar o café no momento em que ele quiser.
“Sob hipótese alguma nós comercializamos o café do produtor, sem que ele autoriza. O processo é ao contrário, ele autoriza a venda e aí sim nós procedemos, iniciamos todo o processo de venda. Jamais nós fazemos o contrário”, disse o presidente da Cocatrel.
Em uma cooperativa de Paraguaçu, a posição do café dentro do armazém é milimétrica. Depois que o café chega, ele recebe também um chip com dados do produtor e da qualidade do grão. Em seguida, o café é empilhado. No chão, existem sensores que ficam eletronicamente ligados aos chips. Qualquer movimentação desse café sem autorização aparece em um painel de controle.
Segundo o superintendente da cooperativa, além da localização, o sistema com chips evita a mistura de grãos de diferentes classificações.
“Cada chip e cada sensor, reflete um mapa na tela. E em vários pontos aqui da cooperativa, seja no armazém, seja no laboratório de qualidade, ele tem acesso para saber exatamente onde está o seu café dentro do armazém”, explica o superintendente da cooperativa, Renato José de Melo.
Conforme o superintendente, toda essa segurança tem um custo: em média R$ 0,02 do valor vendido.
“No setor de café, não existe milagre. Quando alguém tiver oferecendo algum tipo de vantagem, diferença do que a média do mercado, a gente tem que ficar sempre precavido porque não tem nada de graça, não tem milagre nesse processo”, completou o superintendente.
Fonte: G1.com.br