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A Ferrovia Muzambinho -128 anos – História e Futuro

Redação4 de junho de 202011min0
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No dia 28 de maio completaram 128 anos da chegada do primeiro Trem de Ferro em Varginha, com a  inauguração naquele dia de 1892 da Estrada de Ferro Muzambinho, o empreendimento que mudaria a história e o progresso da cidade e região.

Segundo dados históricos, a iniciativa local teve no Major Matheus Tavares da Silva(1839-1906),e  Primeiro Presidente da Câmara Municipal , equivalente também ao cargo de Prefeito,  o principal incentivador da vinda da Estrada de Ferro para a cidade, chegando a emprestar 70:000$000 (setenta mil contos de réis), , para que os trilhos e a estrada traçados de Três Corações à Varginha  chegassem. Segundo os arquivos históricos foram mais de 9 anos de lutas  em prol da constru& ccedil;ão do ramal ferroviário construído por Ingleses.

Vindo de Três Corações, e chegando na Estação Varginha.( A Companhia denominada Muzambinho organizou-se para levar a efeito a construção do prolongamento da Estrada de Ferro Rio Minas( ou Minas and Rio Railway Company,chamada de Ferrovia Rio Verde-Cruzeiro/Três Corações,ultima concessão de Barão de Mauá ) de Três Corações até o ponto navegável do Rio Verde, posteriormente foi integrada a Rede Mineira de Viação,vindo depois a constituir na RFFSA-SR2-Rede Ferroviária Federal S/A.

Da Estação Varginha(Centro da Cidade-894 metros de altitude), a ferrovia subia(A bitola das linhas é de um metro ) em direção ao Moinho /sentido Cooperativa do Café, Copasa, Rádio Melodia,atingindo o Lagamar/Riviera (nomes atuais) e dali interligava a cidade à malha ferroviária do Sul de Minas até  Juréia, em Monte Belo, pela ordem, as estações após Varginha eram : Garoa,Batista de Melo,Nogueira,Espera,Pontalete,Josino de Brito,Fama, Parada,Gaspar Lopes,Harmonia,Areado,Movimento,Engenheiro Trompowsky e Jureia(Tuyuti), onde encontrava a Cia Ferroviária Mogiana e dali para o interior de São Paulo,alcançando Campinas,São Carlos,entre outras,conectando no caminho com ramais como o de Machado,Alfenas ,Três Pontas. Esta ligação trouxe grande impulso à cidade, estimulado pelo transporte de passageiros e cargas.

Segundo relatos do maior Historiador de Varginha Nico Vidal(1911/2011 )a partir da década de 30,circulava na cidade trens com horários fixos, as 4:45hrs,o trem da manhã que chegava com passageiros, as 11hrs,o Trem Misto com passageiros e cargas e as 20:00hrs, o trem expresso, aquele que só parava na cidade trazendo as cargas,além de que na região da Estação,concentrava-se a chamada “Região do Dinheiro”,onde funcionou a primeira Agencia do Banco do Brasil,os Hotéis: Maduro, Baldone,Popular,Megda,Guanabara e Comércio(esse até hoje em atividade), além dos Armazéns Souza Pinto, Casa Favaro Tavares,Serraria do Sr.Manoel Rodrigues, Casa Navarra ,entre outras,sendo que do lado de trás da Estação,funcionou também a Estação Rodoviária, antes de mudar-se para a Praça Getulio Vargas e depois para o Bairro de Fátima(atual).

No início da década de 1930 ( Decreto N.22847 de 23/06/1933 do Presidente Getulio Vargas ) , começou a construção de outra sede para a Estação, que já não comportava os serviços. Em julho de 1934, foi inaugurada a nova Estação Varginha(Atual), com projeto dos engenheiros Armindo Paione e Brás Paione. Um registro engraçado,  foi que no carnaval de 1930, entre as criticas em forma de alegoria, estava o pedido de uma nova estação, entre os foliões ,o Sr.Artur ,popular Peruca,Avõ do Jornalista Gilberto Alves da Costa(periquito).Coincidência ou não,logo a nova e atual Estação,primeira obra de concreto-armado da cidade,se concretizou.

E por falar em dinheiro, ouvi  dos amigos Dr.Francisco Chagas(advogado) e do Sr.Nilo,ambos filhos de ferroviários ,sendo que o primeiro narrou o fato na estação de Campo Belo e o segundo na de Varginha, que era a festa e a alegria no dia em que chegava nas cidades o TREM PAGADOR, vindo de Belo Horizonte ,que trazia os envelopes com o dinheiro para  pagamento dos empregados da ferrovia, isso movimentava o comércio,pois os ferroviários eram clientes ou fregueses dos armazéns da região no entorno das Estações e gozavam de crédito em cadernetas, naqueles tempos,em que não era comum o uso de cheques ,nem cartões e muito menos aplicativos(sic).

Infelizmente o  trecho entre Varginha a Jureia , foi desativado na década de 1960, devido a construção do Lago da Usina de Furnas, boa parte da história está sob as águas. Ainda menino, lembro do Trem de Passageiros, que chegava a Varginha, vindo de Cruzeiro/São Lourenço e 3 Corações,com vagões azuis,onde a noite , fazia o giro no antigo virador ,localizado em frente a Praça da Igreja de São Sebastião, operação que fazia a alegria das crianças de  então. Já o amigo mais velho Joel Coroinha dizia que uma das peripécias era colocar o ouvido sobre os trilhos e ouvir na região da Vila Mendes  o som das rodas e dizer, Ó o Trem da Saindo da Jureia(Monte Belo), pois dizem que há um repique de long e no tin tilar das rodas de ferro ou aço.

Atualidade

Da chamada Ferrovia Muzambinho, hoje  resta apenas o trecho de 35 quilômetros entre 3 Corações e Varginha, que só sobreviveu graças a Empresas locais, como o Moinho Sul Mineiro,IBC e Fertipar , aos apreciadores de ferrovias(ferroviaristas) e a todos os gestores que passaram e até hoje não deixaram os trilhos saírem do lugar e ao povo ordeiro e educado do municipio e região. Atualmente a Ferrovia Muzambinho está sob a concessão da FCA-Ferrovia Centro Atlantica, do Grupo Vale e transportava até 2012 cargas de fertilizantes vindos do Porto de Vitória até um terminal  em Varginha, ao que parece o transporte encontra-se apenas suspenso., mas com indícios de que pode retornar,pela nova politica logística federal,que promete incentivar o mod al ferro viario.

Futuro

Enquanto cidades choram por não terem mais ferrovia e algumas a estão reimplantando, como  São Sebastião do Rio Verde(ex-Distrito de Pouso Alto e hoje com cerca de 3.500 habitantes); que deve inaugurar em 2020,  ou tentando reimplantar como Poços de Caldas; Varginha é uma cidade privilegiada por manter a FERROVIA MUZAMBINHO,  que é belíssima e cheia de história, clamando apenas para que volte a reinar como outrora. Cabe lembrar que a última análise dos responsáveis pelo Setor ,tem na  Norma legal atual a manutenção de Varginha como rota operacional remanescente, junto a outras, isso se deve ao dinamismo da economia,  faltando apenas um olhar empreendedor para convencer  a Concessionária a investir por aqui, o que já faz em outras p artes do país.

Resta agora lutar por algumas frentes, como o Curso de Técnico Ferroviário, os de Engenheiro de Ferrovias e Logística,e o uso alternativo para Pequenas e Médias Empresas, em suas encomendas, além do próprio turismo e mobilidade; pouca gente sabe,mas Varginha se liga diretamente a dois importantes Portos, o de Angra dos Reis-RJ e o de Vitória-ES.(Projeto idealizado pelo Prefeito Mauro Teixeira-1953/2010, também previa a interligação de Varginha aos Portos da cidade do Rio ,Angra e Sepetiba-atual Itaguai). Curiosamente nesses tempos de pandemia, uma importante  Ferrovia do Brasil, além de transportar as comodities tradicionais,como minerais; tem utilizado seus vagões customizados , no transporte de  alimentos e produtos para Super Mercados, com segurança em vários sentidos.

 Outro projeto , esse de nossa autoria é o TUV-Trem Urbano de Varginha nos moldes daqueles existentes em algumas cidades e capitais, com o uso de veículos leves e interligados com modais diversos em velocidade baixa,unindo lazer ,mobilidade,cultura e história. O Projeto detalhado será registrado com profundidade em futuras edições , mas o prelo já foi encaminhado aos Gestores Federais e Privados.

 Carlos Cornwall, idealizador com outros amigos do MFVR-Movimento Ferroviário de Varginha e Região.(www.ferroviva.blogspot.com)

Fonte: A Folha Regional

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