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Brasil tem 20 anos para se preparar para grande contingente de idosos

Redação1 de setembro de 202110min0
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Daqui duas décadas, o percentual de idosos dependentes da população economicamente ativa será maior do que dos jovens de 0 a 14 anos

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 20 anos, o percentual de idosos dependentes da população economicamente ativa será maior do que dos jovens de 0 a 14 anos. Isso quer dizer que, em um brevíssimo tempo, o grande número de idosos no país vai provocar um impacto socioeconômico de grandes proporções.

Desafios que ainda não foram resolvidos pelo Brasil, como ampliação do mercado de trabalho para idosos ativos e fortalecimento da rede de cuidados para idosos frágeis, podem levar a um cenário caótico para os idosos do amanhã, se um bom planejamento não começar a partir de agora, na perspectiva de especialistas.

“A pandemia, por mais que seja absurdamente cruel com as pessoas idosas, as trouxe para a discussão. É benéfico quando a sociedade começa a se preocupar em não deixar essas pessoas morrerem. E isso aconteceu até nos menores núcleos, da família, em que o neto pensava que tinha que colocar a máscara para proteger a avó”,  avalia a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Fernanda Matos. “Os idosos ainda sofrem preconceito, e ele vem da não aceitação do diferente, do outro. Antes, em todos os processos de preconceito, o diferente morria ou ficava escondido. Mas, hoje, o idoso está no ônibus, no mercado de trabalho, no teatro. Ele é minoria, mas vai deixar de ser”.

Para a demógrafa e analista do IBGE Luciene Longo, o Estado precisa criar urgentemente estratégias para atender a população idosa crescente, investindo em equipamentos públicos dedicados a esse grupo. “Mesmo com os efeitos sobre a população idosa da Covid, a tendência é que a população continue envelhecendo e com uma expectativa de vida melhor. Hoje temos uma grande parcela da população na faixa economicamente ativa, mas, em pouco mais de 20 anos, ela será idosa”, revela. Atualmente, a idade etária com maior número de brasileiros está em torno de 35 anos.

A taxa de fecundidade das brasileiras cai continuamente, mudando a estrutura das famílias. Hoje é muito mais comum encontrar mulheres que decidiram ter apenas um filho ou que preferiram não ter nenhum. “Uma geração não está repondo a outra. E o fato de as famílias terem um filho só impacta lá na frente. Se o filho vai morar em outra cidade, quem cuida dos pais?”, explica Luciene. Segundo ela, para que a balança da economia não fique desequilibrada, a tendência é que, no futuro, o país incentive as famílias a terem mais filhos, a exemplo de outras nações que viveram um rápido envelhecimento da população.

Preparação individual também é importante

O país tem que se planejar para atender às demandas do envelhecimento, mas cada indivíduo também pode preparar seu corpo e sua mente para o processo. Um exemplo disso é o aposentado Afonso Cappai, que desde a juventude se prepara para a longevidade. Aos 35 anos, começou a correr e deu início a uma trajetória de atleta. Hoje, aos 76 anos, tem a meta de percorrer 260 km por mês.

Durante a pandemia, para não ter de parar com a paixão, ele passou a acordar às 4h da manhã para encontrar segurança sanitária nas ruas vazias. Ainda assim, sempre contando com a máscara, colocada no momento em que outros corredores vão chegando ao seu roteiro.

“Levantar às 4h com frio não é fácil, não. Mas não deixei de sair para correr nem mesmo nas madrugadas de chuva”, relata Cappai, que ainda segue uma dieta rigorosa e faz meditação por 30 minutos diariamente. Também faz musculação, para manter o histórico de nunca ter tido uma lesão muscular.

Após mais de 40 anos de trabalho em uma montadora, Cappai deseja agora cuidar da saúde para curtir a vida o máximo possível. “Faço isso para dar exemplo para a minha família. Quero desfrutar deles e quero que desfrutem de mim”, diz o maratonista, que já passou por duas cirurgias na próstata, mas nunca deixou as metas de lado.

Pandemia revelou crise do cuidado

A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano pondera que a pandemia revelou a necessidade do fortalecimento da rede de cuidados com os idosos, que hoje ancora-se especialmente nas famílias. “As famílias são menores, e a pandemia reforçou esse desafio do cuidado. As famílias estão cuidando dos idosos sem nenhuma ajuda do Estado. Elas precisam dessa ajuda em vários sentidos, desde capacitação até remuneração, porque algumas deixam de trabalhar para cuidar e vivem da renda dos pais idosos. E quando esses pais morrem? O Estado terá que preencher uma lacuna. A sociedade vai ter que escolher o que fazer, e não há políticas levando essa questão em conta”, questiona.

Não será mais possível contar sempre com as famílias para cuidar da saúde dos mais velhos. E, segundo o Estatuto do Idoso, nessa hora é o Estado quem deve assumir a responsabilidade de garantir moradia, saúde, lazer e dignidade. Rapidamente, a demanda por vagas em casas de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) pode aumentar. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, hoje há 464 unidades de acolhimento para idosos em Minas Gerais, com 16.421 pessoas atendidas.

“O idoso que hoje é ativo pode migrar para o eixo do idoso fragilizado. O ideal é que as pessoas possam envelhecer com suas famílias, mas temos que reconhecer que algumas famílias não conseguem cuidar, então precisamos de outros modelos. Hoje, o que temos são as Instituições de Longa Permanência, mas não é só isso que existe. Em BH, por exemplo, temos uma república de idosas que cuidam da casa no bairro Pompeia, recebendo ajuda da prefeitura”, diz a diretora de Políticas para Pessoas Idosas de Belo Horizonte, Renata Martins.

Outra mudança urgente é reverter o cenário de preconceito que as pessoas com mais de 60 anos sofrem no mercado de trabalho. Com a aposentadoria tardia imposta por lei e a mudança na pirâmide etária, vai ser preciso ter mais idosos inseridos nas atividades laborais. Especialmente porque a tendência é que seja reduzido o abismo tecnológico que existe entre os mais jovens e os mais velhos. “A cultura do mercado de trabalho vai ter que mudar. Especialmente porque muitas das pessoas que estão envelhecendo já cresceram com computador em casa, com contato com as ferramentas tecnológicas”, argumenta Luciene Longo.

Ao comparar as pirâmides etárias de 2020 e 2040, conforme dados do IBGE, é possível verificar que, muito em breve, o país terá uma elevação no percentual de pessoas na faixa dos 40 a 59 anos e entre os idosos. Confira:

Fonte: O Tempo

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