COVID: UFMG dá início aos testes clínicos de vacina 100% brasileira
A primeira vacina brasileira contra COVID-19 começou a ser testada em humanos nesta sexta-feira (25/11). A expectativa é que o imunizante, desenvolvido pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas), da UFMG, esteja disponível para o público a partir do primeiro semestre de 2024.
Até lá, os testes clínicos seguem em três etapas. As duas primeiras fases, que ocorrem em Belo Horizonte, envolvem 432 voluntários. O cadastro foi aberto no dia 17 de novembro. Em menos de dez dias, mais de mil pessoas se inscreveram para participar.
O primeiro a tomar a vacina SpiN-Tec foi o estudante João Victor Rodrigues Pessoa Carvalho, de 24 anos, mestrando em microbiologia da UFMG. Ele se voluntariou assim que ficou sabendo do projeto. Para ele, esse era o seu dever como cidadão.
“Ainda estou tentando entender o que aconteceu, o tamanho disso tudo, é um marco para ciência brasileira, é muito importante”, declarou em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (25/11).
Os testes iniciais devem ser concluídos no meio do ano que vem. A última etapa dos testes vai envolver mais de 4 mil voluntários de várias partes do Brasil.
“A fase 3 deve ir até primeiro semestre de 2024 e, aí sim, nós vamos trabalhar simultaneamente com a Funed e os setores privados para ela entrar no mercado já em 2024”, aponta o coordenador do projeto e do CTVacinas da UFMG, Ricardo Gazzinelli.
O recrutamento de voluntários está aberto no site da UFMG. Os interessados devem ter entre 18 e 45 anos, ter recebido as duas doses iniciais de CoronaVac ou AstraZeneca e uma ou duas doses de reforço com Pfizer (há pelo menos 9 meses) ou AstraZeneca (há pelo menos 6 meses).
Novas variantes
Os pesquisadores envolvidos no projeto apostam que a vacina será mais efetiva contra as novas variantes da doença. “Hoje temos variantes que escapam à resposta imune das vacinas atuais. Esse é o grande desafio. Como fazer uma vacina multivalente, capaz de controlar essas diferentes variantes”, destaca Gazzinelli.
Ao contrário das vacinas disponíveis hoje no mercado, a SpiN-Tec não usa somente as proteínas do vírus SARS-CoV-2. “Nossa estratégia foi um pouco diferente. Incluímos na vacina uma proteína que é conservada, ou seja, ela não varia de variante para variante. A nossa expectativa é que, com isso, a SpiN-Tec seja capaz de reconhecer as diferentes variantes”, explicou.
“As vacinas atuais usam um pedaço do vírus original e um pedaço do vírus da variante. Mas aí quando aparece uma nova variante não se sabe como a vacina vai se comportar”, completa. Ele enfatiza, porém, a necessidade de aguardar o resultado dos testes. “Eu sempre gosto de enfatizar que a ciência é um passo a passo. Já é um grande feito, mas nós temos que aguardar”, aponta Gazzinelli.
Primeira vacina 100% brasileira
A SpiN-Tec é a primeira vacina desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais. O projeto recebeu quase R$ 500 milhões de aportes públicos, sendo R$310 milhões do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e cerca de R$30 milhões da Prefeitura de Belo Horizonte.
O investimento é o ponta pé inicial para o Brasil dominar a cadeira de produção de imunizantes. “Nós temos muito orgulho de ser uma solução nacional, feita por brasileiros, gerando conhecimento, riqueza, postos de trabalho e qualidade de vida para o nosso povo”, destacou o ministro do MCTI, Paulo Alvim.
Fonte: Estado de Minas