Projeto testa adaptabilidade de cultivares de café Conilon em Minas
Minas não tem tradição na produção do café Conilon, bastante usado pela indústria na produção dos cafés solúveis. O maior estado produtor é o Espírito Santo que responde por 70% da produção nacional. Mas isso pode mudar. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), existem 292 municípios em Minas Gerais aptos para a produção do Conilon, sobretudo nas regiões baixas e quentes do leste do estado.
Eles só precisam de um “empurrãozinho”. E ele pode vir na forma de uma pesquisa, conduzida pela Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), para testar a adaptabilidade de quatro cultivares de Conilon. O objetivo é multiplicar mudas que devem começar a ser vendidas a partir de novembro deste ano.
O projeto batizado de “Expansão do Café Conilon na Região Leste do estado de Minas Gerais”´ é financiado pelo MAPA e já proporcionou a instalação de dois jardins clonais nos Campos Experimentais da Empresa nos municípios de Leopoldina e Oratórios. Firmamos uma parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e adquirimos material genético das cultivares Centenária ES8132, Diamante ES8112, Jequitibá ES8122 e Marilândia ES8143, para a realização de experimentos.
“Atualmente, quando um produtor quer iniciar o cultivo precisa trazer mudas de outros estados. Por isso, o projeto prevê a instalação de viveiros, onde estamos multiplicando as mudas dessas cultivares, para comercializá-las aos produtores”, explica o pesquisador da EPAMIG, e coordenador do projeto, Fábio Tancredi.
Segundo ele, a meta da Empresa é produzir cerca de 200 mil mudas nos viveiros de Leopoldina e Oratórios. Além disso, a equipe está treinando a mão de obra para prosseguir com o cultivo e atender à demanda. “No ano passado, realizamos um projeto piloto e produzimos cerca de 10 mil mudas das cultivares Marilândia ES8143 e Diamante ES8112, que começarão a ser vendidas entre novembro e dezembro deste ano. Inclusive, a procura já começou e a EPAMIG já tem recebido diversos pedidos”, completa Fábio.
Melhoramento Genético
O pesquisador lembra ainda que a EPAMIG também está envolvida em um programa de melhoramento genético do café Conilon, com o objetivo de registrar junto ao MAPA um material genético especificamente adaptado para as condições de Minas Gerais. “Estamos avançando nessas pesquisas e nos aproximamos da próxima etapa do melhoramento, que é a fase de identificação de compatibilidade genética de cada clone que temos testado”, relata Fábio Tancredi.
Alternativa de renda
Maurício Milton é produtor de café Conilon em Macuco, distrito de Muriaé. Seu pai iniciou o cultivo em 1998, com mudas trazidas do Espírito Santo. “O Arábica sofre bastante com o calor daqui, mesmo com uma adubação mais potente, por isso decidimos cultivar o Conilon”, contou. “O problema é que quando quero comprar mudas, preciso procurar muito longe, às vezes em outros estados. Então, ter um material sendo produzido aqui perto vai incentivar o pessoal da região a produzir. Eu mesmo tenho interesse em pegar algumas mudas e plantar mais uns 500 pés”.
Entenda a diferença entre Café Arábica e Conilon
- O Conilon tem 23 cromossomos e o Arábica, 44.
- O conilon tem as folhas maiores e mais enrugadas, e o Arábica tem as folhas mais lisas e menores.
Diferenças na lavoura
- O conilon tem uma característica de multicaules saindo de uma mesma planta.
- O Arábica tem apenas um caule.
- Com relação à produtividade, o Conilon produz muito mais do que Arábica, além de ser mais resistente.
- Quanto ao manejo, o café conilon é mais resistente do que o arábica. O arábica requer mais cuidados do agricultor.
- O café arábica costuma ser mais ácido ou seco e suave. Já o conilon tem um amargor mais presente e marcante.
Fonte: Agência Minas e Epamig