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Cafeicultora mineira transforma ‘inimigo’ em ‘aliado’ e produz saca de café que vale R$ 34 mil

Redação6 de novembro de 202410min0
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Produtora aproveita a presença do Jacu em sua propriedade para produzir um café exótico e de alto valor comercial que tem até lista de espera

A cafeicultora Kátia Belo Martins, dona de um sítio no Pico do Boné, em Araponga, na Zona da Mata mineira, tirou a sorte grande: a presença natural das aves Jacuaçu, popularmente conhecida como Jacu. Não tem nada melhor do que isso para quem planta café e quer produzir uma bebida pra lá de especial que chega a custar R$ 34 mil a saca ou R$ 125,00 o pacote de 150 gramas.

Ela conta que, antes, se incomodava com a presença do pássaro de plumagem preta e porte médio (semelhante ao tamanho de uma galinha) porque eram muitos e comiam sempre os frutos mais maduros, atrapalhando o rendimento da colheita. Até que começou a ler a respeito do Café do Jacu, feito com os grãos excretados pelo pássaro, e decidiu transformar o ‘inimigo’ em ‘aliado’.

“Eu o via sempre como uma ameaça, mas mudei de ideia depois de entender sua importância como dispersor de sementes, contribuindo para a regeneração florestal, e também sobre o alto valor dos grãos que são retirados das fezes dele”, relata.

Grãos nas fezes se parecem com um ‘pé-de-moleque’

Desde então, os Jacus se tornaram presença Vip no sítio e ninguém se importa mais quando eles chegam para fazer um lanchinho no cafezal. A colheita dos grãos para fazer o café do Jacú, na verdade, é uma coleta, feita manualmente e de forma cuidadosa. Afinal tem que procurar no chão, onde estão as fezes da ave. É dessas fezes, parecidas com um pé de moleque, que se retiram os valiosos grãos de café. Todas as tardes, Kátia conta com a ajuda da mãe, da irmã ou do namorado para recolher os excrementos do jacu.

As fezes passam por um processo de secagem para a retirada dos grãos de café, que em seguida são higienizados, secados, torrados, moídos e embalados. O extensionista da Emater-MG, Regivaldo Moreira Dias, explica que há outros fatores que fazem com que esse café seja considerado exótico e tenha alto valor agregado: a qualidade dos grãos ingeridos pelo pássaro (que não é bobo, nem nada e come os mais maduros e docinhos); o processo de fermentação pelo qual os grãos passam no sistema digestivo do animal, a dificuldade de colheita e a baixa produção.

“O sistema digestivo do jacu só processa a casca e a polpa do café, que é a mucilagem. Então o grão fica praticamente intacto, passando por uma fermentação natural que confere a esse grão características sensoriais muito superiores ao café comum”, explica.

Jacu escolhe os grãos mais maduros para se alimentar

Divulgação Emater-MG

Interessados têm que entrar numa fila de espera

Todo esforço vale a pena, pois o café feito com o cocô do pássaro – batizado de Penélope Majestosa (uma homenagem ao nome científico do jacu) tem até lista de espera. A comercialização, por enquanto, é feita apenas no país. O valor da saca (60kg) pode chegar a R$ 34 mil e o pacote de 150 gramas custa R$ 125,00.

O extensionista da Emater-MG ressalta a importância do pássaro para o setor cafeeiro. “O jacu não é um vilão. Na verdade, ele é um aliado, pois não está comendo o café, mas sim processando e produzindo um produto de melhor qualidade”.

Gilmar Cabral, que é Q-grader, árbitro Internacional BSCA, conta que já provou o café do Jacú e que é realmente delicioso. “E um café muito saboroso e cremoso”, disse.

Família também produz café especial e café Gourmet

Kátia Martins nasceu e cresceu no meio rural, formou-se em Administração de Empresas e voltou para o campo para continuar na cafeicultura, após passar por várias dificuldades. Ela e a família tomam conta de aproximadamente 80 mil pés de café cultivados no Sistema Agrícola Tradicional (SAT), ou seja, sem o uso de agrotóxicos. A renda é obtida pela comercialização do café especial Pico do Boné e do café gourmet Araponga.

Boas condições climáticas e dedicação da família fazem a diferença

Os cafés do Sítio Pico do Boné possuem o selo Certifica Minas e já conquistaram o terceiro lugar no Concurso Regional de Café de Viçosa, em 2023. Regivaldo Dias explica que as condições climáticas, geográficas da região e a dedicação da produtora e dos familiares contribuem para o sucesso e a qualidade do produto.

Quer conhecer o Sítio do Pico do Boné? Agende uma visita!

Além do café, a família tem se aventurado pelo turismo rural. Eles recebem visitantes que queiram conhecer a propriedade, o cafezal e todo o processo produtivo. “Se você vier conhecer o sítio Pico do Boné terá uma experiência única. A gente vai te levar para ver os pés de café, como ele são plantados, o crescimento, a lavagem e a torrefação. Você ainda vai poder degustar vários tipos de café e saborear uma comidinha da roça, feita no fogão a lenha, com todos os ingredientes produzidos aqui mesmo”, convida a produtora.

Agendamentos: @sitio_picodobone

(*) Com informações de Emater-MG

Fonte: Itatiaia Agro

Redação


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